Sentimentos embolados
Ela não sabia o que pensar mas algo mudou dentro de Ariel, encolhida na poltrona com um chá que a muito tempo deixará de ser quente, assim estava sua vida , ela pensou, fria e sem gosto. Ouvia as batidas do seu coração num compasso regular como uma marcha fúnebre, a unica coisa que a mantinha viva era ele batendo. Levantou-se preguiçosamente e foi a passos arrastados para a cozinha, o que ele estava sentindo era um misto de alivio e consciência pesada, mas ela estava conformada que era melhor pra todos assim, andou de um alado para o outro pensando na sua situação, ele não estava disposta a sofrer, tinha consciência da sua decisão e ela veio de forma natural, mas não tinha forças suficientes para um rompimento total. Era difícil falar sobre Dereck, era difícil até pensar sobre eles estavam ligados de alguma forma, as lembranças vindo toda hora fazendo a relembrar o que não deu certo e isso doida muito. Ele já estava com outra pessoa e isso era algo que ele não podia controlar. Respirou profundamente o ar empoeirado que tinha aquela cozinha, colocou as mãos no balcão e não aguentou, começou a chorar copiosamente, as recordações rasgando a sua alma, palavras que foram ditas invadido a sua memoria, os soluços saindo numa sequências sem intervalos. Ele não soube quanto tempo ficou ali chorando jogada no chão feito uma criança desamparada quando a campainha tocou, tirando Ariel do seu estado de transe, levantou-se do chão e enxugou o rosto com as mangas do moletom, caminhou até a porta e abriu a porta devagar. Toda a sua serenidade recém adquirida foi por terra, na soleira da porta parado estava Dereck instantaneamente recomeçou a chorar e a tremer, ele estava assutado com a reação dela a abraçou e foi dizendo a todo momento que ela ia ficar bem, a cabeça de Ariel girava com um turbilhão de emoções que só a presença dele desperta nela. Se passou um bom tempo até que ela conseguiu parar as lagrimas. Dereck a fitou por um tempo em silêncio, ela conhecia aquele olhar que beirava a pena e responsabilidade por sua causa dela, Ariel odiava isso mas não encontrava forças para debater sobre isso, ficou ali aninhada nós braços dele ouvindo sua respiração. "Você está bem?" ele perguntou Não, eu estou em pedaços e sofrendo ela quis dizer mas apenas "sim" "desculpe por tudo" ele disse, ela apenas o olhou nos olhos e respirou fundo. O seu corpo ganhava vida própria, era como se cada pedaço seu estivesse entrando em combustão e a fazia querer desaparecer. "Se isso é amor, disse por fim, eu não quero sentir você não tem noção de quanto dói" "Tenho. Eu já passei por isso" Raiva se apossou de Ariel, queria bater nele, gritar que estava sendo idiota mas só encontrou forças para responder "você não sabe". Ela caiu no sono e quando acordou ele a tinha levado para o quarto, estavam deitados, aquele quarto que tinham compartilhado tanta coisa e que agora nada significava, ele acariciou o seu cabelo e perguntou "Você está melhor?" "Sim" Depois de um tempo ela se virou encarando-o "Você não sente nada?" "Sinto, ele respondeu, Sinto carinho, vontade de cuidar, desejo..." "Então por que ela?" "Você só vai se machucar mais" "Eu Quero saber, eu sou forte" Ele deu um longo suspiro e ficou em silêncio "Diga" "Ela me dá segurança" era mentira, existia mais coisa ali, ela sentia a omissão nas palavras dele mas não estava com forças pra debater. "Acho melhor você ir Dereck" Ela o fitou, os olhos sem nenhuma expressão, não havia sentindo continuar com aquilo, prolongar mais a dor, na verdade nada fazia muito sentindo nas ultimas 24 horas. Ela o acompanhou até a porta " Se precisar de mim, estarei sempre aqui, pode me ligar a qualquer hora" havia sinceridade nas suas palavras, mas no fundo ela pedia a Deus pra nunca precisar recorrer a tal ajuda. Ela fechou a porta sem pensar duas vezes e seu mundo caiu. Estava feito, não havia mais volta, ele estava em outra e não adianta ela lutar contra isso. completamente destruída, com suas estruturas abaladas e sem o amor da sua vida. Ela estava o deixando partir e iria assistir em silencio como uma rainha, suportando cada apunhalada com destreza e classe. Ela não iria ser uma substututa, não ficaria em segundo plano na sua vida, ela seguia em frente por mais que doesse. Ela iria esquece-lo custasse o que custasse. Só pedia a Deus para que ele não se arrepender da decisão que ele tomara. Por que reverter não seria tão fácil.
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