#01 Conversando com uma Border: As frequentes mudanças de humor e como minha família e amigos lidam comigo.

Bom dia pessoal, resolvi começar uma série de postagens para contar um pouco de como é a minha vida tendo que lidar com a TPB, o tema de hoje foi sugerido pela Juliana Macedo, que faz parte de um grupo de pessoas que tem o mesmo transtorno que o meu. Espero que gostem!

Sabe a sensação de viver numa montanha russa constantemente? É assim a vida de quem sofre de borderline. Minhas mudanças de humor são caóticas, chegam até ser incompreendidas  e sinceramente hoje eu tento controla-las. Antes que eu continue esse texto, se você não é um borderline e está lendo saiba que não é drama, não agimos assim por que queremos ou estamos querendo atenção conscientemente, muitas vezes não percebemos nossos comportamentos e nós damos conta depois de tudo que passou. Uma coisa que tenho dizer a medicação ajuda muito a controlar o humor então se você tem aquele preconceito com medicação (eu tinha muito preconceito!) dê uma chance, se você acha que te deixa dopada ou algo do gênero volte ao seu terapeuta e peça pra mudar até achar aquela que te deixe bem.
Vou falar um pouco de como eu lido com isso, sem incluir a medicação. (vale dizer que nem sempre funciona, eu acabo explodindo as vezes) Primeiro eu penso no que está me  irritando naquele momento, é uma pessoa ou situação. Depois eu tenho ver ser posso fazer algo a respeito (como jogar a pessoa pela janela, brincadeira) se eu não puder, tento usar o meu poder de persuasão para mudar a situação (nessas horas, sou um pouco egoísta) por que se não a crise pode piorar, caso isso não funcione eu simplesmente me isolo pra acabar não machucando outras pessoas. Eu tento ser o mais racional possível nessas horas, uso muito sarcasmo com as pessoas para não ser realmente ignorante.  Quando a crise vem mais forte e eu sei que não vou aguentar, geralmente eu não falo com ninguém, por que a maioria das pessoas pensa que é drama, então aprendi a sofrer calada. Eu não me corto ou me mutilo por que aprendi que a dor não resolve nada, geralmente eu choro muito e tenho sempre um “kit de sobrevivência da crise” (musicas, comidas que gosto, series e um telefone de um amigo caso eu passe realmente mal) e vou tentando sobreviver a essas oscilações de humor, uma outra coisa que as vezes funciona comigo é fazer atividades que exigem muita concentração (leituras, escrever, atividades logicas ou qualquer outra coisa que você acha que te prende) no meu caso eu canalizo a raiva para essas atividades e consigo diminuir a minha tensão. 

Sobre como meus amigos e família reagem a mim, na maior parte do tempo tento ser uma pessoa normal, são poucos os amigos que já me viram numa crise severa, mas já afastei muitas pessoas por conta disso, pessoas que eram meus melhores amigos hoje nem nos falamos mais, com a minha família é delicado por que minha mãe já perdeu todas as esperanças comigo, simplesmente ela deixou de mão não acredita mais em nada e que eu possa melhorar, meu pai não acredita em TPB ele acha que é palhaçada, ou seja ninguém da minha família me entende ou procura me ajudar, é complicado, é como se você tivesse que ser forte duas vezes, as pessoas nunca vão entender como você realmente se sente ou por que você age desse jeito, hoje eu só compartilho coisas com quem eu sei que vai me entender ( psicologa, amigos borders, amigos que já conviveram com algum transtorno) por que a maioria das pessoas acaba se afastando de você por medo, como minha família não pode simplesmente me descartar ela convive comigo tentando achar que sou um ser humano normal. São muitos desafios que enfrentaremos até conseguimos controlar essa doença mas se tem uma coisa que tenho aprendido ao longo do tempo de tratamento é que ser feliz não é impossível.  

Com Carinho.  
Moni. 

Caso tenham alguma pergunta ou sugestão é só comentar aqui em baixo que eu respondo.  


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