Tão amor
Então...
O amor, esse sentimento abusado e espaçoso, que
entra sem bater na porta e se instala e toma conta de tudo como se fosse seu, é
o mesmo amor, egoísta, que vai embora e leva tudo com ele. Leva o que ele
construiu, o que já encontrou pronto e leva -principalmente- todos os espaços
entre os dois ex-amantes, deixando o vazio em uma espécie de caos, como um rio
de águas turbulentas. Veja só, não coube sermos amigos,
não couberam programinhas num fim de semana parado, não faz sentido nenhum
te chamar pra sair. O clima pesado de te olhar e não te pertencer me angustia,
o alívio de estar
feliz por estar fora de nós, me esmagava. Quem pode entender esse paradoxo?
Acho que o fim de nós, que na verdade nunca existiu um nós, também rompeu
os laços, quem diria? Sempre acreditei que não. Sempre achei que preservaria a
ligação que a
gente tinha como fiz com os que já foram parte da minha vida , apesar e
acima de qualquer outra coisa. Coisas pequenas que você fazia, seu sorriso,
coisas que gostávamos em comum. Mas a ligação se desligou, é uma pena.
Fiquei surpresa, mas isso prova que eu amadureci. Um pouco
triste nosso tudo ter se transformado em coisa tão pequena, numa história pra
contar. E, hoje em dia, nem me soa como uma história bonita. Que ironia. Tanto
estrago e tanto grito pras paredes. Tantas lagrimas que desperdicei com você,
tantas noites perdidas pensando no por que, tantas palavras que cortavam mais
do que a navalha mais afiada desse planeta. Você tem noção da minha dor? Mas
viramos cicatrizes. Odeio não ser capaz de começar a falar de você, sem
terminar falando de dor. Mas não te odeio não, viu? Queria dizer que te perdôo, de verdade. Talvez não por merecimento seu, mas pelo mesmo
motivo que perdoei todos os outros e vou perdoar todos os próximos: porque amor
é tudo que eu tenho pra dar. Porque só sentimentos bons ficam guardados no meu
peito. Se você foi um imbecil, tudo bem, foi, tá feito. Mas sou tão amor, que
sou incapaz de odiar.
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